quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Chá das Oito


Um biscoitinho senhora, diz pequeno androide de óculos em frente da mesa com diversos acepipes incomuns. A senhora loura de 2,15m de altura, sorriso escancarado e cabelos longos que se enrolam na armação da cadeira pede para ele passar com muito cuidado o creme de esperma africano com passas. Tem proteínas, diz ela, experimentem meninos. Com cara de nojo, o guardião daquele castelo recusa e pede para o androide os bolinhos de lama, cacos de vidro e cardamomo. Delicia-se com dois deles e brinca com sua tela de cristal líquido rachada ao meio: metade dela mostra repetidamente um vídeo pornô, no qual uma ninfeta se enrosca com uma jiboia, lambendo-a aos gemidos, enquanto a cobra prende suas pernas e a ameaça com a bocarra pronta para o bote. Na outra metade apagada reflete-se a lua, um pouco fora do zênite. O rapaz de tênis e jeans surrado, sem camisa e suado acocora-se em uma das cadeiras. Inquieto fala sobre os últimos monstros que havia derrotado nas cercanias do castelo. Todos batem palmas, agradecidos pela proteção, principalmente o ogro listrado que olha um livro poeirento, amarelado, enquanto toma um suco de cabelos e poluções noturnas. Pisca para a loura, entendem-se apenas com olhares lascivos e gargalham quando ouvem o bode com olhos de piedade e barba por fazer. Ele berra e faz manha, lê os pergaminhos corroídos e bate as patas na mesa, pedindo a palavra para expiar as culpas, não trouxe nada, diz ele, não trouxe nada. A menina morena espreita a algazarra dos comensais, horrorizada, e quase consegue chegar à porta e fugir, mas o guardião a alcança...

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