sexta-feira, 7 de junho de 2024

Não Escrever

 

 Isol

 


 

"Histórias precisam trazer conflitos e, muitas vezes, ter um quê de rispidez para falar do que é humano. Muita gente quer tirar isso dos livros para crianças, porque julga que esses elementos não fazem bem à infância. Mas aí geramos censura estranha, que é uma censura, digamos, progressista", avalia Isol.

Na visão dela, esta é uma época de controle da literatura, sobretudo da infantojuvenil. "É o contrário do artístico, que é o campo da liberdade", afirma. "Se todos os personagens são exemplos de conduta, não existe história. O mesmo vale no nível gráfico. Tudo está virando desenhinho, principalmente nos Estados Unidos."

 

Cercada de livros em sua casa, em Buenos Aires, de onde conversa com este blog por chamada de vídeo, a escritora e ilustradora tira das prateleiras uma série de títulos fundamentais para a sua própria infância. São contos que falam de mesquinharias, ambições, pobreza, a violência, muitos com ilustrações consideradas ousadas ainda hoje, feitas por nomes como Hermenegildo Sábat, cartunista que marcou a imprensa argentina.

"Falar da importância de cuidar do planeta ou de respeitar as diferenças é importante, mas isso não é função da arte. Se acharmos que a arte precisa educar, estamos fritos. Porque ela vai bem mais fundo, abre diálogos com o que é mais primitivo e coloca o leitor em conflito. Se um livro se limita ao que é seguro e ao que todos já sabem, é um mau livro. É preciso mais. A arte nos desloca."

 

Veio DAQUI 

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