quinta-feira, 16 de junho de 2011

Enxoval para o Bebê Diabo





Somos animais que lambem uns as genitálias dos outros e eu querendo dar uma lição de moral na criatura, só porque ele tinha torturado e humilhado o amiguinho. Fui teorizando sobre a igualdade, sobre a tolerância, sobre o advogado do pai do moleque ser um dos melhores do país e eu nem tenho dinheiro para pagar a escola, mas aquele verme ficava olhando para mim sem querer entender. O moleque é viado, viado pai! Ele é judeu e viado! Metido, se acha o macho, se acha o escolhido. Eu tentava explicar que não era assim, que não podíamos deixar o sangue ferver só porque o outro não se encaixava na nossa fórmula, porque não se ajoelha diante de nossa superioridade. Os tempos são outros, outros. E o diabo do menino nada, emburrado, circunscrito em sua certeza de que tem inseto que deve ser pisado antes que se alastre. E eu olhava para o teto, aquilo era um anátema, as palavras rareando diante da possibilidade de me foder mais e mais por conta daquela mola de insultos, daquele possuído. Olhe, preste atenção, tem coisa que não pode, você está entendendo, não pode! Ele riu com o canto do lábio, quem é você pra falar. Poderia dizer, seu pai, mas somos animais que lambem as genitálias uns dos outros... Arranquei sua cabeça, corrigindo o erro da concepção, sem alguém para ser processado não havia como me complicar. Agora entendo porque Ele morreu, filho é de matar, é de foder. Nunca mais, essas crianças são os demônios.



Segundo o Notícias Populares, em 1977 nascia em São Paulo, o Bebê Diabo. Detalhes AQUI.

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