A Origem das Histórias
RESUMO Nos últimos anos, onda de livros tenta encontrar na
teoria da evolução explicação para a compulsão humana por contar e ouvir
histórias. Argumentos sobre as vantagens adaptativas das narrativas ficcionais
são, porém, criticados por pesquisadores e escritores como uma tentativa de
"biologizar" fenômeno cultural.
Um dos
pontos a respeito dos quais os cientistas que estudam a evolução humana mais
discordam é o suposto habitat original de nossos ancestrais. Entre os
candidatos estão as savanas abertas (o mais tradicional), as matas ciliares,
lagos rasos (segundo uma hipótese amalucada, a do "macaco aquático",
nossa falta de pelos e postura bípede teriam surgido como adaptações para a
vida semi-imersa) e até a Terra da Nunca.
"Os
seres humanos são criaturas da Terra da Nunca. Ela é o nosso nicho evolutivo,
nosso habitat especial. Nutre a nossa imaginação; reforça o comportamento
moral; cria mundos seguros nos quais podemos praticar nossas habilidades.
Vivemos na Terra do Nunca porque não podemos deixar de viver na Terra do
Nunca", escreve o norte-americano Jonathan Gottschall, professor de
literatura do Washington and Jefferson College, na Pensilvânia.
Se o leitor
está se perguntando o que um professor de literatura teria a dizer sobre a
evolução do homem, vale ressaltar que Gottschall não está sozinho. Sua obra
mais recente, "The Storytelling Animal: How Stories Makes us Human"
(o animal contador de histórias: como as histórias nos tornam humanos), é parte
de uma pequena onda de livros que, nos últimos anos, têm tentado usar a teoria
da evolução para explicar como e por que contamos e ouvimos histórias.
Portanto,
"Terra do Nunca", no vocabulário do livro de Gottschall, é só um
jeito telegráfico de designar a miríade de mundos imaginários que nasceram e
morreram desde que o primeiro contador de mitos se sentou em torno de uma
fogueira no Paleolítico.
Entre a
maternidade e o túmulo, nossas mentes talvez passem mais tempo passeando por
esses mundos do que pelo mundo real. E, para o pesquisador americano e colegas
seus como o neozelandês Brian Boyd, da Universidade de Auckland, tal capacidade
teve papel importante, até determinante, para que o Homo sapiens se
transformasse no maior best-seller evolutivo da história da Terra.
Em suma,
eles enxergam a capacidade de inventar histórias como uma adaptação biológica,
não muito diferente, para todos os efeitos, de coisas como um polegar opositor
ou o andar bípede. Para esses pesquisadores, aplicar os princípios darwinistas
às narrativas de ficção é apenas o corolário lógico do projeto de entender o
homem como mais uma espécie de grande primata, sujeito às mesmas leis que o
resto dos seres vivos.
ADAPTAÇÃO
Ocorre que
existem alguns critérios mais ou menos consensuais para tentar determinar se um
comportamento pode ser classificado como uma adaptação. O primeiro e mais
simples também é, na prática, o mais difícil de confirmar empiricamente:
postula-se que uma adaptação deve conferir alguma vantagem reprodutiva, ainda
que sutil ou indireta, ao indivíduo que dela se vale.
É aqui que o
chavão popular sobre a "sobrevivência dos mais aptos" fica longe de
corresponder à compreensão científica de como opera a evolução. Em princípio,
características que ajudem um organismo a salvar o seu próprio pescoço, mas
façam com que ele fique para trás na corrida para se reproduzir, não são adaptativas.
Só para usar
o exemplo mais exagerado, os machos de louva-a-deus costumam se deixar devorar
pelas fêmeas durante a cópula. Esse comportamento é alegremente perpetuado
pelas futuras gerações de insetos do sexo masculino, porque os machos medrosos
demais para encarar tais núpcias de sangue, ao longo do tempo evolutivo, não
conseguiam chegar perto o bastante dos órgãos genitais das agressivas moças da
espécie.
Outro
critério: o comportamento se desenvolve de forma mais ou menos espontânea em
todos os membros neurologicamente normais da espécie em questão, com um mínimo
de estímulo. Se a espécie possuir uma variedade de tradições culturais
(constatadas não só entre nós como também entre chimpanzés, golfinhos e corvos,
por exemplo), tais tradições terão relativamente pouco impacto sobre o dito
comportamento.
É por isso,
entre outras coisas, que a linguagem articulada --mas não a leitura e a
escrita, claro-- é vista como uma adaptação típica do Homo sapiens, assim como ocorre
com uma lista razoavelmente extensa dos "universais humanos" -traços
de comportamento que parecem transcender culturas, como o ciúme e a fofoca.
Há ainda um
critério que, sem forçar muito a barra, podemos chamar de econômico. Num mundo
de recursos finitos, é preciso "decidir" (quase sempre de modo
inconsciente) como alocar recursos, tanto fisiológicos quanto comportamentais.
Vale mais a pena bater ou correr? E por aí vai. Ora, se certo comportamento,
apesar de custoso, não é eliminado da população pelo escrutínio não muito
compassivo da seleção natural, é indício de que os benefícios compensam os
custos e, portanto, é provável que se trate de uma adaptação.
Quando
aplicamos essa pequena lista de critérios ao fenômeno das narrativas de ficção,
afirmam Gottschall e companhia, as coisas começam a se encaixar.
CRIANÇAS
Começando
pela naturalidade do fenômeno, crianças pequenas têm verdadeira compulsão por
improvisar histórias. "Não precisamos subornar crianças para que inventem
histórias como temos de fazer para que comam brócolis", diz Gottschall.
"Elas brincam de faz de conta quando não têm o que comer. Brincaram de faz
de conta em Auschwitz."
O argumento
faz algum sentido, afirma o escritor catarinense Cristovão Tezza, autor do
premiado romance "O Filho Eterno". "Já especulei sobre a
possibilidade de haver uma relação entre narrativa e aquisição da linguagem, do
tipo 'falar é narrar', um conceito que eventualmente uso, com força de metáfora,
quando falo da importância da literatura." Tezza diz desconfiar, porém, da
associação entre biologia e cultura. "Ao mesmo tempo, sinto-me desarmado
para rebater a ideia com força, com o tacape!", ri ele.
À primeira
vista, o lado "econômico" da equação não é muito controverso. Dos
poetas da Grécia homérica ou da Europa medieval, valorizados pela capacidade de
memorizar milhares de versos, até os sucessos de bilheteria turbinados por
efeitos especiais e imagens 3D, está claro que as pessoas estão mais dispostas
a gastar recursos, tempo e energia com a Terra do Nunca do que pareceria
razoável.
Nesse
sentido, a visão evolutiva da ficção "concretiza, ou procura atribuir
solidez, àqueles clichês que sempre mencionam nossa dependência das narrativas,
dependência que realmente parece existir, mas que cada vez mais migra para
outros meios de narrar, para outras mídias, como o cinema ou o videogame",
diz o escritor mato-grossense Joca Reiners Terron.
Falta ainda,
no entanto, o quesito ao mesmo tempo mais simples e mais complicado. Se
inventar a Terra do Nunca (ou a Terra-média, ou Nárnia) é uma adaptação, em que
exatamente ela favorece o sucesso reprodutivo?
CHEESECAKE
A
dificuldade de apontar com precisão esse benefício adaptativo das narrativas
inventadas levou até entusiastas da chamada psicologia evolucionista (como é
conhecida a visão darwinista da mente humana) a afirmar que tanto a ficção
quanto outras formas de arte seriam apenas subprodutos de faculdades mais
gerais do cérebro. Steven Pinker, da Universidade Harvard --ao mesmo tempo um
dos mais respeitados e o mais pop dos psicólogos evolucionistas--, definiu a
arte como "cheesecake sensorial", uma espécie de estímulo artificial
criado com o único propósito de fazer os sentidos humanos sentirem mais prazer
do que o que pode ser encontrado na natureza.
"Eu
acho que a arte vem, em parte, desse impulso que nós temos de tentar sair da
prisão dos nossos cinco sentidos", diz o escritor João Ubaldo Ribeiro.
"Nós percebemos uma faixa muito pequena da realidade, nossos sentidos são
limitados. Isso sempre motivou, por um lado, o uso das drogas e, por outro, a
música, a poesia, que não deixam de transcender a lógica do bom senso e
subverter a realidade", opina o baiano.
Remodelando
o raciocínio para o contexto específico da ficção, a criação de seres imaginários
e tramas rocambolescas que nunca ocorreram nem poderiam ter ocorrido seriam
"tiltes" dos sistemas cerebrais que nos permitem enxergar motivações
e personalidades específicas em criaturas reais --capacidade conhecida como
"teoria da mente". Essa sim seria uma faculdade praticamente
exclusiva da nossa espécie (há controvérsias sobre a presença de algum
rudimento dela nos grandes macacos, por exemplo), com relevante valor
adaptativo.
PAVÃO
É possível,
por outro lado, atribuir uma função biológica à habilidade narrativa e, de
novo, aos pendores artísticos de modo geral, sem interpretá-la como uma
adaptação propriamente dita. Bastaria interpretar essas capacidades como uma
forma de seleção sexual --em síntese, uma espécie de "cauda de pavão"
cognitiva.
É que, no
fenômeno da seleção sexual, características aparentemente inúteis podem cair no
gosto dos membros do sexo oposto como pista para escolher um parceiro. Ao longo
do tempo, surge uma corrida armamentista, na qual manifestações cada vez mais
exageradas daquela característica passam a competir pela atenção do(a) possível
noivo(a). O resultado são adornos aparentemente despropositados, como as caudas
dos pavões ou as galhadas dos alces.
Despropositados?
Não exatamente. Paradoxalmente, o tamanho e a complexidade desse tipo de
penduricalho podem funcionar como sinal de "qualidade" (saúde, bons
genes, muitos recursos) do organismo de quem os ostenta, porque a)produzir o
treco requer considerável dispêndio de energia ou b)o adorno é um trambolho tão
desajeitado que só um indivíduo de "qualidade" conseguiria andar por
aí com ele e ainda assim escapar de predadores e acidentes.
E se a
imaginação pródiga e a habilidade linguística de um grande contador de
histórias fossem um bom sinal de qualidade genética no "segundo órgão mais
importante" do corpo humano (como disse Woody Allen), o cérebro?
As
evidências a esse respeito ainda são esparsas, afirma o psicólogo evolucionista
Marco Antonio Correa Varella, da UnB (Universidade de Brasília).
"No
caso mais próximo que conheço, um estudo alemão, ao analisar a biografia de
muitos escritores do país, verificou que o pico da produção, ou seja, a obra
mais famosa e importante, ocorre entre 25 anos e 35 anos, e que os que se
mantiveram solteiros continuaram a produzir obras literárias por mais tempo do
que os que se casaram, padrão também encontrado no caso de cientistas. Ou seja,
o ápice da competição por parceiros coincide com o ápice da exibição cultural,
pelo menos em homens", conta.
COMPULSÃO
Em seu livro
"On the Origin of Stories" ("Sobre a Origem das
Histórias"), Brian Boyd, cuja especialidade acadêmica mais
"normal" é a obra de Vladimir Nabokov (1899-1977), insiste que faz
mais sentido enxergar a compulsão narrativa humana como uma adaptação. Seu
principal argumento é a síndrome de Peter Pan da nossa espécie, digamos.
Vimos, com
efeito, como narrativas improvisadas de faz de conta aparecem de forma
espontânea no comportamento dos filhotes humanos. Para Boyd, a arte de modo
geral, e a ficção em particular, não passam de uma forma de "brincadeira
cognitiva" que realiza, talvez de forma ligeiramente mais sofisticada, a
mesma função das brincadeiras de faz de conta da infância.
Nesse ponto da argumentação,
o método comparativo entre espécies, essencial para o pensamento evolutivo,
entra em ação novamente. Hoje, sabemos que quase todas as espécies de mamíferos
e aves, e talvez até invertebrados como os polvos, gostam de brincar, em
especial durante a infância.
A propensão para
brincadeiras parece ser um método eficaz para treinar habilidades motoras,
cognitivas e sociais num ambiente relativamente seguro, deixando o animal mais
jovem em melhor posição para enfrentar desafios reais mais tarde. Experimentos
com animais de laboratório mostram que oportunidades abundantes de brincar
fazem muita diferença, para melhor, no desenvolvimento, trazendo principalmente
flexibilidade comportamental, ou seja, capacidade ampliada de reagir a estímulos
e padrões inesperados.
Quando esses
dados são traduzidos para o contexto humano, diz Boyd, é importante levar em
conta tanto a duração proporcionalmente muito grande da nossa infância quanto a
nossa dependência profunda da capacidade mental para sobreviver --habitamos o
"nicho cognitivo", ressalta ele.
Mesmo nossos
adultos se engajam em brincadeiras em taxa muito superior à que se vê entre
outros mamíferos. A própria anatomia da nossa espécie dá a impressão de ser uma
versão "pedomórfica" (grosso modo, infantilizada) da anatomia dos
grandes macacos. Todos sofreríamos, em certo sentido, de síndrome de Peter Pan.
Os estímulos
sensoriais e cognitivos cuidadosamente planejados pelos grandes narradores,
portanto, seriam uma versão lúdica de "simulador de voo", uma forma
de viver experiências --e aprender com elas-- sem sair do sofá de casa ou da
poltrona do cinema.
Para Gottschall,
essa função simuladora provavelmente se estende também às peripécias que todos
vivemos de forma inconsciente, à noite, quando sonhamos. Uma boa definição
operacional de sonho, para ele, seria algo como "alucinações
sensório-motoras intensas com estrutura narrativa". "Nós mal
conseguiríamos descrever um sonho se evitássemos usar o vocabulário de uma aula
básica de teoria literária: personagem, trama, cena, ponto de vista,
perspectiva", escreve ele.
"Acho que a
ideia tem totalmente a ver, até já escrevi isso", concorda Sidarta
Ribeiro, diretor do Instituto do Cérebro da UFRN (Universidade Federal do Rio
Grande do Norte) e um dos principais especialistas brasileiros na neurobiologia
dos sonhos. Ele cita seu próprio texto em inglês sobre o tema: "O sonho e
a brincadeira são a fonte original da consciência humana, e contar histórias tem
a ver com ambos". E emenda: "A capacidade de imaginar sem ter de
atuar é o 'Lego' de nossa mente transformadora do mundo."
Outro aspecto
adaptativo importante do ato de narrar é, para Gottschall, o papel social de
muitas histórias, em especial as de caráter sagrado: mitos, narrativas de
origem, historiografias oficiais (muitas vezes mais criativas do que certos
autores de fantasia).
Animais
intensamente sociais como nós têm muito a ganhar com a coesão grupal que certas
narrativas trazem quando se trata de confrontar outro grupo --e, claro, muito a
perder quando certos membros de nosso grupo resolvem usar isso em seu próprio
benefício.
"Encarar o
ato de contar histórias da mesma forma que a evolução da comunicação animal é
estudada nos abre os olhos para a questão de que existe um conflito evolutivo
entre quem emite um sinal e quem o recebe. O que emite tende a se favorecer ao
manipular o comportamento alheio a seu favor, enquanto o receptor se beneficia
extraindo informações honestas relevantes sobre o emissor", explica o
psicólogo evolucionista Marco Varella.
CULTURA
Além de tentar
desenvolver um modelo mais preciso para o papel evolutivo da compulsão humana
por narrativas, Gottschall e companhia terão trabalho considerável para
convencer a maioria de seus colegas, pesquisadores da área de humanidades ou
escritores, de que não estão tentando "biologizar" indevidamente um
fenômeno cuja esfera apropriada é a da cultura, e não da natureza.
Vários dos
entrevistados pela Folha sobre o tema falaram sobre os perigos de uma visão
determinista do homem e recordaram a celeuma em torno da sociobiologia,
movimento científico dos anos 1970 que é precursor da atual psicologia
evolutiva e ficou sob fogo cerrado por supostamente justificar práticas
sexistas e racistas com base "na natureza humana".
"O mundo
está ficando cada vez mais 'naturalizado'. Todo mundo conhece os efeitos do
darwinismo aplicado às questões sociais e o fascínio de justificar o senso
comum e o preconceito por meio de uma teoria genial", diz o escritor
carioca Bernardo Carvalho.
Ele critica a
ideia de que certas literaturas seriam mais "naturais" que outras.
Gottschall, por exemplo, afirma que os experimentos radicais de certos autores
modernos, como James Joyce (1882-1941), são impenetráveis para pessoas comuns
por não levar em conta a predileção humana por narrativas com começo, meio e
fim.
"Há em
Joyce, e em um monte de outros autores, não só modernos, uma teimosia, uma
resistência a reduzir o homem às suas funções naturais. E a literatura passa a
ser a própria expressão disso. Há, nesses autores, uma vontade muito forte de
escapar ao determinismo ao qual o homem está condenado. Não se trata apenas de
contar histórias, mas de refletir sobre essa condição trágica", argumenta
Carvalho.
"Os
darwinistas literários têm o grande mérito de colocar em pauta um problema de
crescente interesse: as relações entre natureza e cultura, esferas que foram
frequentemente percebidas como domínios estanques e separados", diz
Idelber Avelar, professor de literatura latino-americana da Universidade Tulane
(EUA). Para ele, o próprio impacto da ação humana na biosfera, ao longo dos
últimos séculos, exige tal reflexão.
O problema,
adverte Avelar, é que "os darwinistas literários não propõem um
questionamento da fronteira entre ciências humanas e naturais, mas sugerem que
aquelas devem adotar o modelo destas. Há uma nítida hostilidade às humanidades
em seu trabalho. Ao analisar narrativas e poemas, eles terminam sempre
pressupondo a conclusão a que querem chegar".
Um pouco mais
compassivo, João Cezar de Castro Rocha, do Instituto de Letras da Uerj
(Universidade do Estado do Rio de Janeiro), diz que é interessante a
possibilidade de estudar a literatura pelo prisma evolutivo e que o espectro da
sociobiologia não deveria tolher a pesquisa.
"Mas é
importante situar o problema numa escala histórica. Não se trata da grande
novidade do momento. A discussão, no fundo, tem a ver com a tensão permanente
entre saber o que é mais relevante para o ser humano, 'nature' (natureza) ou
'nurture' (criação), e durante muito tempo a balança pendeu para o lado da
'nurture'."
Ele aponta
também a dificuldade de traçar cenários mais seguros sobre a evolução humana e,
em especial, quando o tema são comportamentos --os quais, por definição, não se
fossilizam. Mas admite que o impulso de especular é quase irresistível.
"É
fascinante pensar, por exemplo, se o processo que levou à complexidade mental
humana foi desencadeado não por um cérebro maior que nos permitiu contar
histórias, mas pelo início do ato de narrar desencadeando, com o tempo, mais
complexidade cerebral", propõe.