terça-feira, 15 de agosto de 2017

Escrever


É uma notícia antiga, mas lembro de ter visto na TV a história de duas meninas de dez anos que deixaram um bilhete dizendo "não temos um motivo para morrer, mas também não temos um para viver", e pularam de um prédio. Nenhuma das duas sobreviveu. Às vezes, penso nisso. Se eu fosse agraciado com a oportunidade de falar com elas no momento em que pulariam, o que será que eu teria dito ou feito? E se eu tivesse mostrado apenas três quadrinhos de uma tirinha e prometido revelar o quarto quadro apenas se elas decidissem viver para ver? Será que a estratégia daria certo? Mas teria que ser uma história muito engraçada ou intrigante. Como seria bom se, no último quadro, houvesse uma piada daquelas impossíveis de não rir, que as fizesse mudar de ideia e lhes desse forças para que, no dia seguinte, pudessem retornar ao dia a dia, normalmente. Se eu tivesse a habilidade de elaborar histórias assim, faria um enorme sucesso. Quem me dera ter um talento como esse.

Makoto Yukimura, na orelha do mangá Planetes, vol 3.