terça-feira, 30 de agosto de 2011

street view





- Alô! Sapataria Agret? Você fazem entrega em domicílio?







(Imagem DAQUI, de Jon Rafman, um artista que coletou fotos do Google Street View. Explicações AQUI)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Άθλοι του Ηρακλή [ATUALIZADO]


Σ) Recrie os personagens da Turma da Mônica.
Ϸ) Crie um novo mutante estilo X-Men.
Ω) Crie uma Zerografia.
Ξ) Recrie a história do Bebê Diabo.
Θ) Crie um encontro numa escadaria.
Ψ) Crie baseado num flagrante pitoresco do Google Street View.
β) Enriqueça nosso Bestiário com um espécime.
Ϛ) Confesse um testemunho particular.
π) Crie algo para seu signo do Zodíaco.
δ) Desmonte a retórica do cético.
Ϛ) Seja convidado para uma das nossas reuniões.
α) Compareça e registre uma ata.

[ATUALIZAÇÃO 2012]



כּ) Desvende o mistério do Faráo da Cantareira.
ט) Escreva um mês de cartas.
ק) Mate o Papai Noel.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

¿Qué sé yo?

Si al menos me lo hubieran explicado
Que la maternidad era un dolor, un desafío
Habría yo podido amarte sólo un poquito.

Y quizás evitaríamos ser violentados
Por este inmenso exilio todos los días.
Evitado el ir y venir de sí eterno, denso y solitario.

Porque digo yo a vos y al mundo,
pero ni sólo por un segundo,
traducen el amor, el horror y la locura de tenerte de mi alejado.

Psiu!







Calem a boca.
É uma ordem.
Profetizem.
É a morte.
Inocentes,
tangem dor.
Calem a boca,
por favor.
Parem.
Deixe-me, sim Senhor, não Senhor.
E a dor, e a dor, e a dor.

domingo, 21 de agosto de 2011




Um pensamento deve ter convicção e dúvida. A dúvida alarga, a convicção erige; aquela é o eixo horizontal, esta o eixo vertical. A propósito, uma fórmula: a convicção é igual à certeza menos a verdade (c = C - V).

Francisco Bosco (2003)



(imagem de Nicholas di Genova)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Churrascata, camisata e ata de alcachofra.




O tempo de vida útil da bunda é de dez anos. Disso ninguém duvida. O que se faz com ela nesse período é o que determina o quão brilhante e confortável vai ser o futuro. Se souber usar com sabedoria, pode até se aposentar em grande estilo e passar o resto dos dias numa casinha à beira mar, com um cachorro, um periquito que come na mão e quem sabe até um sagüi que vem todas as manhãs mordiscar as frutinhas que crescem no pomar. Portanto, conclui-se que mostrar (leia-se usar) a bunda é muito melhor do que escrever e, muito provavelmente, é melhor do que ser aeroportuária também. A única profissão que pode gerar alguma dúvida ante essa afirmação, máxima do mundo moderno e de todos os ulteriores, é a de engenharia civil. Pois lá estão os mais cheirosos. Fato. Nem mesmo um dinossauro poderia discordar disso. ´

Aproveitando o ensejo pré-histórico, sempre é tempo de dar vez aos que, mesmo distantes, vem nos visitar bienalmente e, verdade seja dita, mostram a competência que os fazem estar entre nós. Não, na verdade não. Esquece tudo isso agora. E tenta se lembrar daquele dia de um certo novembro, ou outubro, há três anos atrás, e de repente surgirá como mágica uma foto de dez pessoas sentadas em uma mesa, de um café qualquer em São Paulo. Não é nada disso que interessa. Pois as dez já foram três, quatro, seis, oito, nove, dez de novo e flutua como uma sacola de mercado em vendaval. Mas isso também não é verdade. Não é como quando se quinze anos e tudo o que importa é se comer em escadarias, em bancos de metrô, calçadas de escola ou até mesmo dentro das mochilas que raras vezes viram a cara dos professores. O que também pode ser mentira se comparado a uma orgia de elefantes albinos e anões do norte da índia, os mais raros e mais sagrados entre todos os animais que fazem orgia (logo, são os mais sagrados de TODOS os animais…). Aceite o açoite. Não é impossível. Aliás, dormir aos quinze anos e acordar com trinta, pode ser muito mais salutar do que passar por todos os anos que até Jesus fez questão de esconder. E isso, não duvide, é Verdade Verdadeira. Mesmo encabulado, mesmo sem ritmo e etc, aceite, é esse o maior de todos os poderes de uma liga de heróis que seriam mais bem compreendidos como querubins que se digladiam com foices e em círculo.

O fato mais estranho nem sempre é uma nova cara. Talvez o mais estranho do que cara de cíntia-aeroportuária, (sabe?), seja a presença dos malditos (recém-batizados assim, pela nova era) e a forma como se relacionam com suas mandiocas (ou seria a mandioca de um só?), suas batatas e líquidos gasosos com um final que coça até os pelos do cú, mas nunca o céu da boca ou o nariz. Também é estranho ver que a preocupação dos malditos não se resume às referências culinárias. Eles gritam por silêncio. Pelo silêncio da voz do Dinho Ouro Preto. Enquanto param para ouvir uns aos outros em um frenesi digno das brigas na casa da vizinha que apanha do marido bate nos filhos chuta a cadela xinga os crentes manda a vendedora da avon tomar no cu sua puta solta a cadela pra morder o cara que corta a luz o cara que corta a água e também o filho do vizinho que pula o muro pra pegar a bola. Enquanto se escutam, são analisados e analisam por aquilo escrevem. Nem desconfiam que são escritos, viram páginas e mais páginas, por aquilo que juram escrever … Mesmo que seja em mensagem de celular para os entes não presentes, mesmo que seja pintando com merda as paredes do banheiro de uma churrascaria. Sádicos. Os malditos são sádicos. (Ou seriam fálicos?).

E o que ninguém sabe, mas aponta com veemência é o fato de que todos são viciados por suas próprias teorias sobre bunda, açoites, rampas de bagagem, fantasmas escritores, cinema, super-heróis, sertralina, rivotril e sopa. E também por chocolate. E por segundas intenções que só serão conhecidas pelos que cruzarem a porta, as portas e, em futuro próximo, os portões. Nem adianta mostrar o símbolo do Batman tatuado nas costas (até mesmo porquê a tatuagem se perde no ato de levantar a camisa…), nem abrir os botões da frente pra mostrar uma alcachofra, rosa-avermelhada, tatuada bem no meio dos peitos: todos cruzarão os portões. Todos vão para a mesma eternidade. Mas nenhum deles quer ser eterno.


(T.Araújo)

quinta-feira, 11 de agosto de 2011


A goteira na pia insiste. Terceira ou quarta geração de torneira só essa semana, mas é como se a água estivesse afiada, um britadeira infinita que não descansa. Fico pensando se quando saio ela vai dormir, juntar energias para minha volta. Ele está voltando, ele está voltando! Há um resmungo na pia, irritada pelo martelar, mas que parece diminuir quando chego perto. No quarto, no entanto, é como se a pia gritasse a cada ribombar. Por que as torneiras não tem o bico direcionado ao ralo? Seria uma ideia excelente, ao menos iria goela abaixo e se o encanamento ficasse engasgado logo eu enterrava a pia, tinha motivo para tapar o buraco da torneira. Olhe o tamanho da minha barriga, quando foi que ela começou a crescer? Pareço um conjunto anexo a ela, como se ela me carregasse. De lado a gordura se espalha pela cama, seu umbigo fica olhando o cachorro deitado no tapete com a orelha branca tremelicando ao toque da brisa morna que a janela insiste em deixar entrar. Odeio dormir a tarde, é um sono enlameado, mas é o único momento em que o barulho de fora, da vizinha que acredita que sabe cantar, dos caminhões na avenida lá longe e dos moleques jogando bola na rua quase consegue abafar os zurros da água.