segunda-feira, 21 de março de 2011




4 de outubro


Tenho maus olhos, eu, a quem tanto comprazem os livros. Qualquer esforço maior prejudica-os; o meu gosto de ler é temperado pelo risco. Com o globo ocular um tanto dilatado (acontece, olhando-me no espelho, pensar que as córneas vão cair dentro da pia), tenho um ar alucinado e pareço incrédulo diante do mundo, o que é certo.

OSMAN LINS _ A RAINHA DOS CÁRCERES DA GRÉCIA

quarta-feira, 16 de março de 2011

Ata arrepiada





Oxossi. Cunhã. Ogun. Nunca os segundeiros foram tão imolativos, evocativos. O pai de santo chegou, vestido propriamente. Recebeu elogios pela indumentária. Mas logo interrompeu a sessão de cumprimentos. “Vamos logo à cerimônia”, disse circunspecto. “Temos muito a fazer”, concentrou-se e abriu os trabalhos. Além das Nanãs presentes, galinha, muita galinha, mesmo que com sabor russo. “O que importa é a intenção”. E eles regozijaram nas intenções. Pelos presentes, pelos ausentes sobretudo. Cerimônia de letras, incorporações, evocações e, depois, risos, que a saudade era muita. De provocar os que não foram, mas ligados na mesma sintonia. Arrepios ao longe, chegando em ondas e abençoando o encontro. Arrepios bem perto nas ruas da noite da cidade que queria adormecer. Com ou sem teto.



(imagem Pierre Verger. Via Photojournal)