segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Atal.

Levantaram-se após o dilúvio, sacudindo a pele solta e espantando os musgos formados pelo tempo de chuva e choro derramado durante todo aquele ano.
Os nove pitagóricos sobreviveram embalsamados em azeite de oliva, mesmo alguns não suportando o cheiro e o gosto, que por acidente, entre um espreguiçar e um encolher, acabassem por roçar parte do corpo do outro em suas bocas e narizes.
Neste tempo de insônia povoada de sonhos, fora inevitável um esfregar de corpos, uma escorregadia mão besuntada de desejos. Parte deles, mesmo quando em sono profundo, alcançavam o nirvana do orgasmo raro e solitário. Eram toques sutis em tetas flácidas, ou maduras, raspas de masturbações galácticas, elevando penises flutuantes em água benta. Eram mulheres e homens. Eram corpos. Eram almas.
E dois anjos, em esfera distinta da plantação de tomates, cebola, queijo e azeitonas onde se encontravam, erguidos agora, zelavam por eles enquanto saboreavam chocolates de anis e isopor.
Agora, em novo princípio, conclamavam uma homogeneidade de encontros. Um despertar em velocidade oposta ao tempo disposto em suas vidas. Eram da mesma natureza. Logosóficos? O que entendiam do tempo vivido, não sabiam.
E os nove partiram a cada moda, a cada forma. E sabiam haveria tempos de chuva de novo, de plantações, de insônias e de despertar.

Um comentário:

  1. Aos Visitats: É assim que nós somos, não se assuste se você não entender.

    Adorei essa parte:

    Eram toques sutis em tetas flácidas, ou maduras, raspas de masturbações galácticas, elevando penises flutuantes em água benta. Eram mulheres e homens. Eram corpos. Eram almas.
    E dois anjos (...) zelavam por eles enquanto saboreavam chocolates de anis e isopor.

    Lindo! Parabéns Dê!

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